ESCLARECIMENTO AOS EMPRESÁRIOS, À ACIC E AO CDL DE CACOAL

Daniel Oliveira da Paixão

CACOAL - RO - Nos últimos dias tenho postado aqui minha tese sobre o sistema de horário corrido, tanto para a iniciativa privada quanto para o serviço público e alguns empresários, magoados, postam alguns comentários desairosos. Insinuam que eu não trabalho e que se tivesse empresa não defenderia tal proposta. Quanto à proposta de seis horas corridas, eu defendo sim, porque penso no país de forma global e não apenas em nossa cidade, que é pequena. Quem já morou em cidades grandes, como eu, sabe o quanto é difícil o cidadão sair de casa cinco da manhã e só chegar a casa entre 20 e 22 duas horas. Horário corrido,nessas cidades, seria uma saída decente. A pessoa trabalharia seis horas bem trabalhadas, iria para casa e até teria tempo para estudar. Mas não é só a respeito de minha tese que alguns empresários estão implicando. Estão implicando, sobretudo, porque sabem que sei que alguns deles explora, descaradamente e despudoradamente, seus trabalhadores.
Eu passo na Sete de Setembro todos os dias e vejo lojas com sistema de som anunciando preços, promoções e convidando pessoas a comprar às 19 horas. Será que esses empresários não pensam que seus funcionários são seres humanos e têm direito a descansar e eventualmente ir para a escola ou faculdade? Mas em vez de deixar a voz da consciência falar ao seu coração, impingindo-lhes o espírito de cristão, preferem, contrariando toda a ética, vir ao mural ironizar a pobre moça, sob a qual falei, insinuando que pesar cebola não deixa ninguém cansado.

Então, senhores, fiquem no lugar da funcionária que citei, cinco horas seguidas, sem se levantar sequer para tomar água, e veja se não se cansa. Eu sei que os senhores têm impostos a pagar e são importantes para o crescimento da cidade. Eu não desmereço o trabalho de vocês, fazendo como fazem alguns, que desmerecem o trabalho de balconistas, caixas, empacotadores, entregadores, pesadores de mercadorias. Antes de me criticarem e insinuarem absurdos façam uma oração e peçam perdão a Deus pela maneira como alguns de vocês tratam aqueles que são a razão da existência de suas empresas.

É verdade que sem os empreendedores não haveria empregos e sem empregos a população teria dificuldades. Tudo bem, reconhecemos o labor de vocês, empresários. Mas o que queremos é que vejam um pouco além dos interesses próprios e veja o próximo como ser humano. Está na hora da ACIC e o CDL convocarem todos os empresários da cidade, desde o lojista ao atacadista, os donos de supermercados, etc, e dizerem a eles - aos que ainda não sabem - que a carga horária vigente é de 44 horas semanais e não de 64. E que, mesmo sendo permitida hora extra no ordenamento jurídico, há limites. Mesmo que o trabalhador, por necessidade, aceite trabalhar 12 horas por dia, o patrão deve saber que isso é ilegal e prejudica a sua saúde. Algumas funções, como a de balconista, digitadores, etc, é necessário intervalo de 15 minutos de descanso a cada duas ou três horas. O que eu sempre lutei é por uma sociedade mais justa, mais harmoniosa e que a correlação entre capital e trabalho seja baseada no princípio da equidade. Só isso e nada mais.

Façamos um pacto justo em Cacoal. Muitos empresários se gabam de dar emprego e que se não fossem eles muitos pais de família não teriam condições de alimentar seus filhos e dar-lhes condições de estudar e se formarem. Tudo bem. Mas será que não dá para pensar também no outro lado? Será que é difícil imaginar que sem a mão de obra e sem o empenho desses trabalhadores seus negócios prósperos simplesmente não existiriam? Que Deus ilumine a cada um para que olhe o seu próximo sob o olhar de cristão. Queira o bem ao próximo, mesmo que o próximo seja um simples empacotador de seu supermercado. Como você, esse empacotador também quer uma vida digna, sonha com as mesmas coisas com as quais você sonha. Pense nisso e Deus abençoará ainda mais o seu empreendimento. Convoco os senhores e leiam os sermões de Jesus Cristo de Nazaré. Lá verão o que ele recomenda aos que têm empregados sob sua responsabilidade.

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Clarim da Amazônia