João Paulo II mais parece hospital de guerra, avalia o Cremero

Calamidade e desolação. Essas são as palavras que, “infelizmente”, definem o atual estado do pronto socorro João Paulo II, em Porto Velho - o único de Porto Velho -, segundo avaliou a presidente do Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero), Inês Motta.

Em inspeção surpresa ao pronto socorro, na manhã da última quinta-feira (25), a comissão de fiscalização do Cremero flagrou cenas e fatos que, segundo Inês Motta, causam tristeza e revolta, explicitando a falta de condições de trabalho para o médico e de atendimento aos pacientes.

“A visita foi realizada sem aviso prévio, atendendo a denúncia de médicos e de pacientes. O que pudemos observar foi o descaso com que as autoridades tratam a saúde da população. Encontramos um Hospital que mais parecia um enfermaria do front de guerra”, explica Inês Motta.

Segundo relatório que o Cremero encaminhará ao Ministério Público, à Secretaria de Estado da Saúde e ao CFM, o hospital atende em mais de 100% além de sua capacidade, o que causa o acúmulo de pacientes no chão. “O hospital dispõe de 131 leitos para internação, dez leitos de UTI e quatro na UCE, mas, segundo as informações colhidas no local, está com mais de 300 pacientes internados”.

Embora o diretor-executivo afirme que os pacientes são medicados, a fiscalização do Cremero recebeu informação de que nem os analgésicos são prescritos, “havendo necessidade, muitas vezes, de os médicos ligarem ao diretor-clinico para solicitar a medicação”.

Outro problema detectado durante a fiscalização é o corpo clinico, formado por dois cirurgiões, dois clínicos gerais, um anestesista, um intensivista e dois ortopedistas, “funcionando em escala de plantão de 12 horas e sobreaviso das demais especialidades”.

Para a presidente do Cremero, o quantitativo de profissionais para prestar atendimento é insuficiente, levando ao absurdo dos pacientes ficarem sem atendimento médico por mais de sete dias, “conforme declaração dos mesmos”.

Os médicos ortopedistas além de suas atividades de urgência são obrigados a passar a visita em 148 pacientes internados, muitos deles há mais de 60 dias aguardando transferência para o Hospital de Base ou encaminhamento para os hospitais credenciados pelo SUS para a realização dos procedimentos cirúrgicos.

Além da presidente do Cremero, Inês Motta, participaram da fiscalização, o presidente do Sindicato Médico de Rondônia, Rodrigo Almeida, o promotor de justiça Hildon Lima Chaves. A inspeção foi acompanhada pelo diretor-executivo do João Paulo II, Paulo Ricardo, pelo diretor geral do hospital, Rodrigo Bastos de Barros, e pelo diretor clinico, Franklim Almeida.

Durante a fiscalização ficou constatado ainda a falta de visita médica dos ortopedistas aos pacientes (mais de 11 dias) e falta de informação sobre suas condições. “Enfermarias não extremamente quentes e há falta de água e papel higiênico. O atendimento de enfermagem é péssimo e tem um paciente diabético com 65 anos que, há mais de quatro dias, não recebe medicação. Por falta da medicação o paciente é forçado a se submeter a coleta de sangue seriadas para aferição de glicemia. Existem outros problemas que serão apontados no relatório”.

Ao final da inspeção, a equipe do Cremero realizou reunião com os médicos plantonistas e a comissão de fiscalização, para debater os principais problemas daquela unidade de saúde. Na ocasião foi solicitado que os diretores providenciem melhoria no atendimento a população.

Assessoria de Imprensa Cremero

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