Cassol intervém e obras são reiniciadas em Jirau

O governador Ivo Cassol, acompanhado do deputado estadual Maurão de Carvalho, do superintendente do IBAMA de Rondônia, César Luiz Guimarães, e da coordenadora no estado do Instituto Chico Mendes, Carolina Vargas, conseguiu a liberação da entrada da usina de Jirau e, por conseqüência, a retomada das obras que estavam paralisadas desde a última segunda-feira, quando um grupo de centenas de agricultores da Reserva do Bom Futuro acampou na entrada da obra impedindo o acesso de funcionários ao local.

Os moradores da Flona tomaram esta atitude em virtude do não reconhecimento, por parte do Ibama de Rondônia e pelo Instituto Chico Mendes, que é o responsável pelos parques e reservas federais, do acordo fechado no início de junho entre o Governo do Estado e o ministério do Meio Ambiente em junho passado, que previa a permuta de uma área estadual, a Reserva do Rio Vermelho, à margem esquerda do rio Madeira, em frente onde será construída a usina de Jirau, pela área da Floresta Nacional do Bom Futuro.

Como não houve um comunicado oficial por parte do Ministério do Meio Ambiente ao Ibama de Rondônia, nem ao Instituto Chico Mendes, as ações multas, buscas e apreensões continuaram a ser efetuadas na reserva, o que causou revolta aos moradores locais, que esperavam pela regularização das terras, e não pela perseguição dos fiscais.

Ao saber da ocupação da entrada da usina, e a paralisação das obras, o governador Ivo Cassol entrou em contato com a ministra Dilma Roussef, que ficou indignada com a ação dos órgãos federais na Flona, uma vez que havia um acordo que não estava sendo cumprido, e determinou providências. O governador também conversou com o superintendente do Ibama, Roberto Messias Franco, que se prontificou a enviar ainda na terça-feira o reconhecimento ao órgão estadual, tanto que Cassol chegou a comunicar que iria entregar pessoalmente o documento aos agricultores acampados, mas o termo não veio.

Somente na manhã desta quarta-feira (15), o fax foi encaminhado às superintendências estaduais, e também ao governador, que após reunir-se com os responsáveis confirmou a ida ao local do protesto para pedir o fim da mobilização para a retomada das obras de Jirau.

A recepção ao governador e comitiva foi calorosa. Falando num megafone, centenas de acampados saudaram e aplaudiram o governador e as demais autoridades após a explicação do que havia acontecido e as providências que estão sendo tomadas, sendo que a principal delas é a criação de um grupo de trabalho formado pelo Governo do Estado e integrantes do Instituto, do Ibama, Seagri, Sedam e M.P.F. para que seja elaborado um relatório que servirá de base para uma medida provisória a ser enviada pelo presidente Lula ao Congresso propondo a entrega de 140.000 hectares da Flona do Bom Futuro ao Governo do Estado. Em contrapartida o Governo do Estado enviará à Assembléia um projeto doando 180.000 hectares da área da Reserva do Rio Vermelho ao Governo Federal que dali constituirá uma área de preservação.

Satisfeitos com o compromisso do Ibama em não humilhar os moradores do Bom Futuro com uso de armas pesadas, apreensões e intimidações, os agricultores se comprometeram a liberar a entrada da usina no final da tarde desta quarta, retornando para suas casas para aguardar os próximos passos da regularização.

Pelo acordo firmado, a barreira continua montada nos acessos à área, e não será permitida a entrada de animais, mudanças, novos moradores ou qualquer objeto que caracteriza ocupação de terra. Também está proibida a extração de madeira, novas derrubadas e queimadas na área, que foi acordado por todos os presentes.

Os manifestantes começaram a desmontar as barracas e nenhum incidente ou ocorrência foi registrada durante os três dias que durou o protesto na entrada do empreendimento.

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Clarim da Amazônia