PAPUDISKINA - 16/07/2009 - Daniel Oliveira da Paixão

Engravatados de Brasília querem revitalizar lei anti-democrática
A Lei e Imprensa, que conflitava com a Constituição Federal em dos pilares mais sagrados - a liberdade de manifestação - e que por isso foi extinta pelo STF, pode ser revitalizada por alguns deputados e senadores avessos aos princípios fundamentais expressos principalmente em seu artigo 5º e 220. Pelo menos uma PEC já foi protocolada e - pasmem - por um parlamentar que se diz socialista e defensor da sociedade. O argumento desse parlamentar que deu o ponta-pé inicial em malfadada PEC alega que pelo menos seria necessária a regulamentação da exigência de diploma para o ofício de jornalista. O que ele esqueceu foi de incluir também a exigência de diploma para quem almeja ser deputado estadual, deputado federal, senador, governador, presidente da república, etc. Vejam, senhores, como são falhos de análise crítica aqueles que se apegam ferrenhamente a idéia de exigência do diploma para quem almeja trabalhar em um veículo de comunicação. Ora, o que um jornalista (repórter, locutor, apresentador) faz é emitir sua opinião, divulgar fatos e para isso não é necessário diploma (ao meu ver), pois sua atividade é intelectual e depende apenas de sua capacidade de se expressar razoavelmente bem. Não é assim também a vida de um político? Ele não precisa de diploma e sim de saber se comunicar, expressar as suas idéias e defender os interesses da população. Em certa medida, o que faz um jornalista é muito similar ao que faz um político. Então, porque esses abestados - para fazer média com alguns setores da ortodoxia mediática - defendem esse tipo de instituto?

Esses políticos deveriam entender, de uma vez por todas, que vivemos em um país de dimensão continental e - não apenas isso - com disparidades regionais. Temos, em um único país, enclaves tão prósperos e desenvolvidos como os mais avançados países europeus e ao mesmo tempo regiões onde a população tem um vida simples e provinciana semelhante às nações mais atrasadas do mundo. Mas isso, longe de ser um problema, é uma bênção, pois a multiplicidade de hábitos, costumes e tradições enriquecem o conjunto da sociedade. Por isso o Brasil é um país tão fantástico. Nesse contexto entra a necessidade de desburocratizarmos certos conceitos que não contribuem em nada para o crescimento e consolidação das nossas instituições, como é essa pretensa exigência de diploma para o ofício de jornalista.

Fora Sarney
O movimento Fora Sarney, que ganhou força graças a comunidades virtuais como o Twitter, Facebook e Orkut, agora começa a tomar corpo e forma e a incomodar os homens do parlamento. Em Brasília houve até ações truculentas dos seguranças do Senado contra manifestantes. Sarney não se enxerga. Mesmo sabendo que está mais do que na hora de renunciar, ele insiste em ficar. Pior para ele. Quanto mais o tempo passa, mais a situação se torna complicada e a manutenção de seu cargo uma tarefa insustentável. Para que prolongar essa agonia? Eu tenho vários amigos no PMDB e sei o quanto o corporativismo faz com que eles fiquem triste com essa pressão contra um de seus membros. Mas há coisas que saltam aos nossos olhos e não adianta - em nome do espírito solidário e corporativista - os partidários quererem tapar o sol com a peneira. Lembro-me que fiquei revoltado ao ver o senado Valdir Raupp apoiando aquele corrupto do Renan Calheiros "Calhorda" só porque ele é do mesmo partido e alguém aqui de Cacoal, uma pessoa influente do PMDB local, veio me cobrar satisfações por eu ter publicado uma nota intitulada "Raupp envergonha Rondônia". Mas eu acho que está na hora da classe política entender que as vezes é necessário bom senso para que um tomate podre não destrua toda a caixa de tomates. Tem muita gente boa no PMDB, mas essa gente não pode se misturar com gente corrupta e nem tão pouco defender as maracutaias só porque os denuciados sejam do mesmo partido. Eu, por exemplo, votei no Raupp nas duas vezes em que ele foi candidato a governador e também dei meu voto a ele há oito anos atrás quando ele e a senadora Fátima Cleide foram eleitos como representantes de Rodônia. Votei em ambos naquela ocasião, mas não gostaria de ver nenhum deles tentando justificar as maracutaias perpetradas no Senado.

Futebol
O Cruzeiro de Belo Horizonte me deixou triste com o seu jogo mesquinho e sem brilho algum ao tentar o título de Campeão da Libertadores. Eu entendo que no futebol apenas um time ganha e muitas vezes nós, como torcedores, só vemos as falhas de nosso time e nos esquecemos de elogiar o adversário. Só que nesse caso do jogo de quarta-feira os jogadores cruzeirenses estavam irreconhecíveis. Apenas um dos jogadores realmente estava em clima de decisão, o Kleber. Esse, sim, honrou a camisa que veste, batalhou, suou em campo, foi um guerreiro. Bastaria ter no Cruzeiro mais uns dois ou três jogadores com o mesmo espírito para que o título ficasse no Brasil e "no en las manos de los argentinos como suelen acontecer siempre que en frente esté un equipo de Brasil". O Estudiantes foi guerreiro sim e mereceu a vitória. Mas só conseguiu isso pela falta de virilidade e combatividade dos jogadores do Cruzeiro (a exceção de Kleber), como já dissemos. Ultimamente as equipes brasileiras estão demostrando não ter equilíbrio psicológico em finais, sejam contra equipes fortes, como o Boca Juniores, ou mesmo contra equipes acessiveis como foi o caso da derrota do São Paulo em uma final contra o Colo Colo do Chile, do São Caetano que perdeu em casa para o Olímpia depois de vencer em Assunção, do Fluminense que perdeu para a LDU do Equador e agora o Cruzeiro para a equipe do Estudiantes que já não ganhava um título dessa competição há 39 anos. Foi especialmente triste ver o Ramires. Se ele não tivesse sido contratado antes pelo bom futebol apresentado no campeonato mineiro, qualquer observador diria que ele não seria aceito nem mesmo em equipes modestas como o Juventus do Acre, União Cacoalense de Rondônia, Cristal do Amapá, etc. O futebol do Ramires na quarta-feira foi ridículo. Tomara que Ramires acorde, mude de atitudes e esqueça que algum dia em sua vida jogou tão mal como nessa decisão contra o Estudiantes. Até parece que os jogadores do Cruzeiro confundiram-se e acharam que em vez de estarem enfrentando ao Estudiantes de La Plata já estavam na decisão do mundial contra o todo-poderoso Barcelona da Espanha. Acho que foi justamente isso o que aconteceu. Estavam pensado tanto na disputa do mundial que se esqueceram de algo fundamental. Antes da eventual final contra o Barcelona era necessário ganhar a Libertadores.

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Clarim da Amazônia